domingo, 1 de junho de 2014

02-06-2014 todas as turmas : Poem about cup -em portugês

Vinicius de Moraes
O anjo de pernas tortas
 
 
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
 
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé de vento!
 
Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
 
Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!   











João Cabral de Melo Neto
O futebol brasileiro evocado da Europa
 
A bola não é a inimiga
como o touro, numa corrida;
e, embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
 usar com malícia e atenção
 dando aos pés astúcias de mão.


De um jogador brasileiro a um técnico espanhol
 
Não é a bola alguma carta
que se leva de casa em casa:
 
é antes telegrama que vai
de onde o atiram ao onde cai.
 
Parado, o brasileiro a faz
ir onde há-de, sem leva e traz;
 
com aritméticas de circo
ele a faz ir onde é preciso;
 
em telegrama, que é sem tempo
ele a faz ir ao mais extremo.
 
Não corre: ele sabe que a bola,
Telegrama, mais que corre voa.



Ademir da Guia
 
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
 
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o
 
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
 
O torcedor do América F. C.
 
O desábito de vencer
não cria o calo da vitória;
não dá à vitória o fio cego
nem lhe cansa as molas nervosas.
Guarda-a sem mofo: coisa fresca,
pele sensível, núbil, nova,
ácida à língua qual cajá,
salto do sol no Cais da Aurora. 



Ferreira Gullar

O Gol
 
A esfera desce
do espaço
      veloz
ele a apara
no peito
e a pára
no ar
      depois
com o joelho
a dispõe a meia altura
onde
iluminada
a esfera
     espera
o chute que
    num relâmpago
a dispara
   na direção
   do nosso
   coração.




Marco Polo Guimarães
Garrincha
ele tinha a perna torta
perna troncha, distorcida
perna errada, perna virada
invertida, dobrada, partida
 
era como fosse uma perna
por uma bala atingida
mas a bala que é a morte
ele a transformara em vida
 
e virava a bala em bala
de chupar, multicolorida
ou virava a bala em bola
elétrica, brinca, divertida





Aníbal Beça

Celebrando Garrincha,
o santo inventor da ginga
                            [Anibal Beça
                             Para Antonio Carlos Secchin]


frente a frente
    4 colunas
de dois templos em ebulição: 
raios arqueados
oscilam 
             ossos
                        músculos
                                        nervos
                               pernas em balanço:

               arquitetura móvel
para o pêndulo da sur-
presa.
Não se sabe ao certo
- dono de um mundo em rotação
                   verde 
rolado no plano pleno de desejos - 
a direção
daquele equilibrando a esfera
a fera 
         perseguida
Se para a direita
                       ou
                             para a esquerda
se para trás
                  ou pelo vão
                                     que se arre-
                                                     ganha

                                              à frente
(abóbada de igreja livre
para a passagem do andor
com seu santo rotundo)
No frêmito feroz 
                      olhos vivos e
                                lentes onduladas 
     se congelam no cristal 
        da ânsia espectável 
          Súbito
          pára 
                 e
                    dispara 
                        navegante da luz
                          em direção ao corpo
                                                         só-
lido 
       num fio evanescente
     de malabarismo alumbrado
 o espectro do clown 
                            Parte
com ela
             a esfera
                          a fera

aos olhos de espanto
de feras de outra esfera:
                                          Vai
                                     Não        Vai
                                          Foi .
                            
FUTEBOL É ALEGRIA
Futebol é realidade
e tremenda fantasia
alegria e amizade
tranquilidade e correria.

Trabalho classificado
e linda profissão
alguém corre desenfreado
mas procuda a retidão.
O futebol gera alegria
e muita adrenalina
para o torcedor é vitamina.

Com correria atrás da bola
com chutes e técnicas
a alegria se manifesta.




              Antonio Cícero da Silva

Gol!
Sol de um segundo
no último minuto
no alto do campo adverso
caindo na grama do combate.
Mata, queima e fura
o alvo do dia inimigo
que não consegue nascer
sair do zero, da sombra
da nuvem que cobre
o centro, o contra-ataque
do coração contrário
agônico e calado
cercado de gritos

              


  Armando Freitas Filho
Ópio do Povo

A bola está rolando,
O povo está sendo enrolado!
E o trabalhador,
Pobre coitado,
Desempregado,
Gasta o sal do almoço
Para comprar a televisão,
Em prestações adiadas,
(Depois da copa)
a juros exorbitantes
Pra que calcular?
Que nada,
Nem saberia nestes instantes!
Quer viver de ilusão!
Matar a fome dos sonhos
Matar os filhos de fome
E esquecer a inflação!
O governo satisfeito,
Aproveita da situação!
Gasta com shows de artifício
Não mede qualquer sacrifício
Para alimentar este vício
E apagar da memória de todos,
A farra do mensalão!


         Benvinda Palma
Brasil 1 x 0 Croácia

Solte o seu grito, povo canarinho!
O expediente terminou mais cedo
E o Brasil fez três pontos no torpedo
Que o Kaká acertou bem no cantinho.

Foi só. Quem esperava o Ronaldinho
Pediu Robinho... Não mudou o enredo.
Vitória tal que despertou o medo
Da seleção ficar pelo caminho.

Os sustos da defesa (é sempre assim)
E o nosso ataque, após tanta falácia,
São, ao Parreira, "exemplos" de eficácia.

Um passo rumo ao HEXA mundial...
O fato curioso é que, ao final,
Quem mais comemorou foi a Croácia.


         Bernardo Trancoso

POEMA DO HEXA
Viva o Cafu capitão perene
Melhor lateral do Jardim Irene.
Viva Roberto Carlos veloz como o vento
Que arruma as meias durante o cruzamento.

Viva o Kaká, menino bonito
Na hora do jogo, amarela no grito.
Viva Ronaldinho Gaúcho
In útil como pinto murcho.
Viva o ativo Parreira
Que não substitui, não treina e só diz besteira.
Viva o Gagallo
arrumem um asilo prá interná-lo.

Lamento por Dida, Juan, Zé Roberto e Robinho
Que até brilharam nesse timinho
Mas o resto eu quero que se dane
Porque quem joga mesmo é o Zidane.

Chega de Zagallo, chega de Parreira
Não precisamos destes velhos caretas.
E "Fora babaquice"
Tem treze letras.
                                             

    Bruno Candéas
Copa
Copa de ação:
Mata bola no peito,
chuta mensalão...

NÓS TORCEMOS POR VOCÊ!

Você é mais
que só uma palavra,
o que tanto para nós
significa.

Apesar da gente mascarar
nossos sentimentos de amor pela Pátria
e nossos problemas, nós iremos
lutar e vencê-los.

Ontem e hoje...

Beleza mostrada através
de sua gente, de corações
e coqueirais...

Oh, Brasil,
você é para nós o melhor;
nós torcemos muito
por você!!



               Christina Magalhães Herrmann
Parem Tudo!

Parem tudo!
Vejam só o que está acontecendo:
O mais esperado por todos!
Vamos, observem logo...
A paz finalmente reina entre as Nações!
Vejam! Todos estão de mãos dadas.
Escutem só a música,
Escutem só a alegria...
Não há qualquer ato de loucura;
Não há nenhum homem-bomba;
Tudo está tranqüilo e em paz!
Não há ataque por ar, terra ou água;
Não há bases de guerras destruídas
Porque não elas simplesmente não existem!  Não há armas nucleares,
E nem qualquer outro tipo de arma Porque não existe a vontade louca de matar sem motivo
Porque não se pode viver sem razão!
Não! Não é nada que se pareça.
Agora silêncio, psiu!
Vamos falar baixinho,
Os hinos estão sendo executados,
Todas as vozes e todas as línguas!
Não há fronteiras entre países
Há a liberdade de sorrir!
Não existe a fome e a desgraça
Nem a tragédia ou a catástrofe
Estão todos juntos e iguais
E não há desigualdade social.
Todo mundo se entende...
Americanos e árabes se cumprimentam
Portugueses e angolanos também;
Assim como ingleses, franceses, brasileiros...
É Festa de todo o mundo
E não importa o sexo, a nacionalidade, a cor...
É festa na Europa, na Ásia, na África...
Nas Américas e até na Oceania.
É festa de todos os povos  É festa de todas as raças!
Vamos, vamos!
O que estão esperando? Parem  tudo e liguem a TV, Começou a Copa do Mundo de Futebol.

 Dias Miranda
Nossa esfera celeste,
Nosso planeta cercado de estrelas.
O sol mudando sua posição na nossa esfera,
Esfera da nossa Bandeira...
Futebol, bola rolando pra lá e pra cá.
Em constante movimento.
E contendo suas cinco estrelas,
No brasão da CBF com suas cinco vitórias,
Em Copas do Mundo...
E o povo torcendo,
Para o rolar da bola,e o povo torcendo,
Para que o Brasil
Traga mais uma estrela para o brasão.
São Paulo em sua Estrela Alfa (Acrux)
E sua constelação Cruzeiro do Sul
Saúda os jogadores do Brasil,
Pra frente Brasil,
Vai que é tua Brasil!!!



                             Dora Dimolitsas

        Para Adriano
O menino da Vila Cruzeiro
desfila na Alemanha
as manhas da boa malandragem
aprendida nos campos de barro

dribla o destino
e solta
o grito de gol.
              






 Flávio Machado
Aos heróis do futebol brasileiro

Eu vos saúdo
heróis do dia
que vos fizestes compreender
numa linguagem muda,
escrevendo com os pés
magnéticos e alados
uma epopéia internacional!
As almas dos brasileiros
distantes
vencem os espaços,
misturam-se com as vossas,
caminham nos vossos passos
para o arremesso da pelota
para o chute decisivo
da glória da Pátria.
Que obra de arte ou de ciência,
de sentimento ou de imaginação
teve a penetração
dos gols de Leônidas
que, transpondo balizas
e antipatias,
souberam se insinuar
no coração
do Mundo!
Que obra de arte ou de ciência
conteve a idéia e a emotividade
de vossos improvisos
em vôos e saltos,
ó bailarinos espontâneos
ó poetas repentistas
que sorrindo oferecestes vosso sangue
à sede de glória
de um povo
novo?
Ha milhões de pensamentos
impulsionando vossos movimentos.
Na esportiva expressão
que qualquer raça entende
longe de nossa decantada natureza
os Leônidas e os Domingos
fixaram na retina do estrangeiro
a milagrosa realidade
que é o homem do Brasil.
Eia
atletas franzinos
gigantes débeis
que com astúcia e audácia,
tenacidade e energia
transfigurai-vos,
traçando aos olhos surpresos
da Europa
um debuxo maravilhoso
do nosso desconhecido país.

                                      Gilka Machado


SONETO  HABITUAL
Chuteiras pendurou certo atacante,
de cuja "despedida" até se orgulha,
devido ao povo que o estádio atulha
e aplaude-lhe o carisma, delirante.

De lá pra cá, porém, tenta, durante
a temporada inteira uma fagulha
de fama faturar, e inda vasculha
se vaga tem nalgum time importante.

Parece que essa gente não sossega,
ainda que no banco tenha grana
e idade pra gastá-la à moda brega!

Carrões, mulheres, drogas, nada sana
a falta duma bola e dum colega
no campo ou noutro jogo, mais sacana...


SONETO  FUTEBOLÍSTICO

Machismo é futebol e amor aos pés.
São machos adorando pés de macho,
e nesse mundo mágico me acho
em meio aos fãs de algum camisa dez.

Invejo os massagistas dos Pelés
nos lúdicos momentos de relaxo,
servindo-lhes de chanca e de capacho,
levando a língua ali, do chão no rés.

É lógico que um cego como eu
não pode convocar o titular
dum time brasileiro ou europeu.

Contento-me em chupar o polegar
do pé de quem ainda não venceu
sequer a mais local preliminar.

 O ANJO DE PERNAS TORTAS

A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!
.
Vinícius de Moraes







                          Glauco Mattoso
Dias de jogos do Brasil
Como é bom
dias de jogos do Brasil
Como é bom
ver o mundo
curvado aos nossos pés
Nós, os subdesenvolvidos
Nós do terceiro mundo
Nós, abaixo da linha do equador
E o futebol, que coisa linda
Não exige beleza física,
não exige ser "bem nascido"
Não exige "berço de ouro"
Exige sim Dom...
E nossos Jogadores
Agora ricos... muito ricos
Mas suas riquezas
feitas de arte e seu suor
Como é bom
ver os dentes salientes
de Ronaldinho gaúcho
Não teve dinheiro
pra corrigi-los
quando criança, jovem
e agora os exibe
pro mundo inteiro
Como é bom ver
o bóia-fria Roberto Carlos
O outro suburbano Ronaldo
(Fenômeno segundo os Italianos)
E Cafú, e Dida
e mesmo Kaka (classe média)
Errado dizer que os Ingleses
inventaram o Futebol.
Eles tinham a teoria
Futebol quem inventou
fomos nós.
            

                                                  Jenario De Fátima

Sou Brasileira
Sou Brasileira
Tenho orgulho
Do povo que aqui vive
Tenho orgulho de minha pátria
Muito há por fazer
Por todos os seus filhos
Filhos da maioria
Que dizem minorias
Sim, falo da nossa Pátria
Do Brasil desigual
Mas, acredito na maioria
Em Brasileiros
Em Brasileiras
Que sabem pulsar
Num mesmo objetivo
Num mesmo caminho
Assim, em tempos de Copa
Ao olhar Ronaldos, Cafu,
Adriano, Robinho e, outros
Não esqueçamos
Eles venceram
Como outros que desafiaram
Superaram desigualdades
Mas, muito há o que fazer
Há outros que desejam
Ter a garantia de seus direitos
E lutam incessantemente
Incansavelmente
Sobreviver


Leslie Holanda
P E N T A !!!

Povão sofrido
na luta diária,
da lata d'água na cabeça,
da mão calejada nos campos,
das vielas, das favelas,
das mães sem glória
dos filhos da vida,
das conquistas sem incentivo,
do esforço próprio
da alma brasileira.
Povo guerreiro,
sem orgulho pedante,
sem mérito aparente,
está lá no podium da altivez,
no podium da alegria
de doar seu sangue ralo
que se encorpa a cada gol,
a cada volta olímpica
e a cada grito
dessa palavra mágica:
BRASIL!!!
Adentrei nesse cordel,
Pra contar para vocês,
O Brasil virou freguês
Da dona da torre Eiffell,
De um azul da cor do céu,
Dominou logo o Parreira,
Que, de tanta tremedeira,
Se escondeu atrás de um Gordo,
Só gerando desconforto
Pra torcida brasileira.
A torcida bem gritava
suplicava por Robinho,
Ou, quem sabe, um Mineirinho,
Que é gaúcho, mas jogava,
quando o moço disparava,
não deixava nem poeira,
mas o troncho do Parreira
fica sempre sobre o muro,
relegando ao escuro
A nação futeboleira.
Adriano não tem jeito,
não tem pinta de vitória,
nas Europa é outra história,
talvez, por não ser direito,
eu não bata a mão no peito,
e dá pra desesperá...
Mais ninguém vai agüentá
Ver a equipe tão parada,
Aguardando, aperriada,
Nova caca do Kaká.
Com tanta carta na manga,
Lá no banco de reserva,
A pasmaceira me enerva,
A teimosia me zanga,
Inté isquimó de tanga
Sabe o que fazê c'os moço,
Não carece de alvoroço,
Só armá a marcação,
E deixá os garoto bão
Comê angu de caroço.
Se os homi tá de manha,
É jogá água gelada,
Não se vence com pelada
Frente os time na Alemanha,
Tem mais teia que aranha,
Tão colado, não se mexe,
Ronaldinho não se avexe,
Teu sorriso é que me mata,
Mas o jogo num empata,
Pede ao dentista que feche!
Roberto Carlos, seu asno,
Teu negócio é só chutá,
Canta a bola pra ganhá,
Que num guento tal marasmo!
Tua dupla com Erasmo
Fez mais sucesso que a Copa,
Tua cantiga me dopa,
E não me dá sono eterno,
Pois que vá tudo pro inferno,
Quem sabe o Demo te topa?
Mas pra falar do Cafu,
Tem que tê muitcho respeito,
Já que o homi tem no peito,
Cabelo branco de Itu,
Mais parece um brucutu,
Fica véio e num arreda,
Mas, em campo, quanta méda,
Erra passe sem querê,
E eu num quero nem sabê,
Qual o asilo que lhe hospeda.
Juninho Pernambucano,
Esperança do nordeste,
Homi lindo que é da peste,
Mas na gente deu um cano,
Dois mil e seis era o ano,
Pra mostrá que tem ainda,
A chance de outra berlinda,
Pra brincá no Carnaval,
Com as duas pernas de pau,
S er boneco lá de Olinda!
O Emerson, truculento,
Não demonstra na ciência
ter a tal inteligência.
Parecido cum jumento,
Pros amigos tem ungüento,
Seu abraço é uma fratura,
Com seu jeito de candura,
Coleciona, em paralelo,
Tanto cartão amarelo,
De pular a dentadura.
O que salvou a lambança
Foi a zaga campeã:
O Dida, o Lúcio e o Juan
Herdaram nossa esperança,
Que se acabou contra a França,
Por conta de tal teimoso,
Que, vendo o time horroroso,
Não fez nada pra mudar,
Quem não faz, fez por levar,
Um a zero vergonhoso.
Esse time tinha espertos,
Que não puderam mostrar
Que viriam pra ficar,
Como foram os dois Gilbertos,
Garotos bons e abertos,
como o Fred e o Ricardinho,
com a garra do Cicinho,
tinha chance de vencer,
se o negócio é correr,
que ze dane o Ronaldinho!
Zé Roberto inda tentou,
Com seu fôlego de gato,
Mas no fim pagou o pato,
De correr tanto cansou,
Pois ninguém se aproximou,
E se ninguém se aproxima,
Nem no cordel faço rima,
Vou buscar na maratona
Lutador que vem à tona:
Vanderlei Cordeiro Lima.
Mas eu brinco de mangá
Desse time canarinho,
Que merece meu carinho,
Mesmo sem pudê ganhá
, Pois eu vô crucificá
Um culpado pelo choro
Que a nação chorô em coro,
E mantém a choradeira,
O culpado é o Parreira,
Essa uva é desaforo!
Mas ele não tá sozinho,
Muito bem acompanhado
De um senhor aposentado,
Que não larga esse empreguinho,
Vai morrê que nem pintinho,
Por conta de tanto embalo,
Ocês sabem de quem falo,
Um ex-tudo nessa vida,
Pra gostá tanto da lida,
Tem que tê nome Zagallo!
E agora, pra acabá,
Vô dá uma sugestão,
Que é um homem de visão,
Pra Seleção arrasá,
Vô mudá um titulá,
Que vai seguir bem a bula,
Deve ter sido gandula,
E no meio do rescaldo
dedurou o Gordo Ronaldo...
Para técnico: o Lula!
           




   Lílian Maial
NÃO CHUTE BOLETEIRO
Cachaceiro ou futeboleiro, não chute boleteiro
Sobe ao palanque e grita tua palavra de ordem
Explode tuas tão loucas verdades.
Cachaceiro, cai na rua e grita amém quando acordar
Pra no próximo dia poder novamente,
De língua enrolada,
Soletrar teu amém.
Futeboleiro, vai ao campo e chora ao te ver perder do teu adversário.
Chuta tudo, mas não chute boleteiro, ou chuta boleteiro,
Como preferir, de acordo com a ortografia que te parecer correta.
Ah! O que é correto quando tu te vês acorrentado a tuas verdades?
Chuta boleteiro, se assim preferir, mas espera o troco.
Ou chute boleteiro, se achar mais estético, mas não tenta travar uma discussão
Quando te encontrar já travado.
Boleteiro chuta sem trave e faz o gol!
                                                                   

GARRINCHA
Mané Garrincha era um menino sorridente
Que corria entre os dentes verdes das bocas de futebol.
Os cartolas decretavam
Que seu joelho era uma bola
Podiam chutar à vontade
Um dia Garrincha fugiu do campo de concentração
Pra tomar banho de mar.
Morreu afogado num copo de traçado.
Nesse dia
Deu zebra na loteria
Esgotaram-se edições extras de todos os jornais.
O povo ficou triste ouvindo o rádio de pilha.
Se fizeram minutos de silêncios antes das pelejas
Seus companheiros estavam macambúzios nos funerais.
Um padre na capela rezou um Assim Seja
E a multidão pisou nos túmulos pra ver os craques da seleção.
Depois seu nome restou lembrança num time de botão
Que uma criança largou esquecida no chão.
                    
                                                         Mano Melo

A lógica do Improviso
A bola
vem cruzada
melada
ele mata no peito
faz uma firula
com o pé direito
É craque
sai sambando
sapateando
fazendo tabela
humilhação
no meio das canelas
O beque sem pudor
sem amor
sem vaidade
estica a bota
anota a placa
Penalidade
O goleiro
arruma a barreira
reza
faz promessa
pra padroeira
A torcida
se contorce
se levanta
aflita
o grito preso
na garganta
O juiz apita
A bola sai
feito um cometa
um gameta
um planeta
batendo asas
feito borboleta
O goleiro espicha
estica
feito lagartixa...
É gooool!
Olha onde
entrou a bola
É gooool!
Pra futebol
não tem escola     .                                                    Marcelo Ferrari
Brasilidade

em dias de copa
o que me vem à mente
é um desejo
de que esse clima perdure
que as bandeiras tremulem
em todos os anos e dias
que nossos jogadores
sejam um grande exemplo
de trabalho, grupo unido
investimento, humildade
que os adversários
se mantenham unidos
num só objetivo
que o bem do país
seja a finalidade
e que o país seja o povo
que se busque igualdade
paz e fraternidade
Hoje quero
torcer pelo Brasil
Não pelo Brasil do futebol
quero torcer
pelo Brasil do povo brasileiro
pela honestidade
dos políticos
pela consciência dos eleitores
Hoje quero
torcer pelo Brasil
pelo emprego dos adultos
pelo estudo dos jovens
pela saúde das crianças e dos idosos
pelo verde-amarelo em todas as ocasiões
Hoje quero
torcer pelo Brasil
o Brasil que habita as favelas
que encontre dignidade nelas
o Brasil que habita os campos
que produza alimento
o Brasil que vive no urbano
que ali haja paz, convivência
menos poder
mais solidariedade
vivência em liberdade  que é   a paz tranquila      .    MariaAngélica/Bilá



Copa 2010

Campo aberto, bela claridade do dia,
olhos espertos admiram novo mundo.
Brasileiros chegam cheios de alegria,
jogar bonito, canta coração, bem fundo.

E o mundial 2010 é sul-africano,
Brasil enfrenta primeiro adversário,
vitória com dois gols, Maicon e Elano.
No país torcedores ouvindo noticiário.

Muita água ainda vai rolar em campo
apesar de temos time forte, soberano
no nome, imponente para levar troféu.

A garra dos jogadores vista em campo
agrada ao torcedor, deixa ao africano
certeza que são os melhores no plantel.

                                                 Marta Peres



Na hora do pênalti
Nervos de sal em cada poro do atacante
a ele falam baixinho no ouvido: bate bate
bate no canto esquerdo
é o goleiro que sob o travessão
balança soprando nervos de sal
uma torcida é o silêncio das bibliotecas públicas:
semi-surdas semi-mudas mas paralisadas
silenciada pela outra:
o megafone das passeatas públicas
penal tv pelo rádio: radiodifusão
há  torcida do sim e do não
é figa nas palmas dos dedos da mão
ou olhos fechados joelhos no chão
.nervos de sal e suor empurram o pé do atacante
a bola dispara...
se gol: uma torcida desaba, a outra cai
se não: uma cai, a outra desaba
Na hora do gol
Futebol = pé mais bola
Pé mais bola = calo
Calo = do verbo calar, primeira pessoa
Primeira pessoa = a gritar gol
Gooooooooooooooooooooooooooooool = é tudo que se quer ouvir...
Ouvir a segunda pessoa: impossível.

         Merivaldo Pinheiro
TERRA DE CAMPEÕES
Calam-se os protestos
fecha-se o comércio
Congresso em recesso.
Escolas sem ensino
igrejas não tocam sinos
família com seus meninos.
Escritores deixam as letras
projetos vão pras gavetas
executivos sem as maletas.
Até mesmo naturalistas
esquecem o pôr-do-sol
toda a nação se extasia:
É tempo de futebol!
                                 Naid Melo




POESIA DE PLACA

Matei o verbo no peito
E bati de três dedos (trivela) nos substantivos
Dei meia-lua nos artigos
E passei por entre as pernas dos pronomes

Cabeceei um objeto direto
Tabelei com uns adjetivos
Fiz marcação cerrada na ortografia
Dei de bandeja para as rimas

Deixei impedidos os advérbios
Fiz uma estrofe de calcanhar
E com uma maravilhosa bicicleta
Fiz uma poesia de placa!

                                Sigmar Montemor

Oração Para o Timão Corinthians Não Cair No Campeonato
Senhor Deus Fiel de Todas as Glórias
Poderoso Pai de Todas as esferas telúricas e celestes
Abençoai o esquadrão de vossas estrelas na pátria das chuteiras
E fazei com que o inimigo não triunfe sobre nossa defesa
Fazei com que o nosso guardião realize milagres
Que os nossos alas voem sobre as trincheiras adversárias
E que o nosso muro de contenção rebata petardos ou cruzados sobre nós
Daí criatividade magna ao nosso meio de campo
Luzes de Sócrates, Rivelino, Palhinha, Neto e Zenon para as armações de
conquistas de nossas batalhas - Assim na terra como no céu
Como mosqueteiros esperamos conquistas assim na arquibancada como na geral -
Portanto, fazei com que os nossos atacantes voem sobre os monturos de
manchas, bambis e porcos - E guarda a nossa fé de cada dia, contra a
decaída, a desclassificação e a derrota para os inqualificáveis
Iluminai os árbitros que só enxergam o ego
Dai-nos a grandeza de uma goleada para enfraquecer os adversários sem
gabarito a nossa altura - Fazei que os falsos campeões caiam pelas tabelas
Fazei, Senhor Deus, Guardião de Todas as Honras e Iluminador dos Gaviões da
Fiel, que a nossa fé de nação de escolhidos sobre os ímpios não esmoreça,
pois nossa religião é o sagrado Corinthians
E erguei sobre as nossas esperanças a Vossa benção e a Vossa Sabedoria
E que tudo seja como está escrito em Vossas sagradas escrituras
"Corinthians Cinco, Versículo Zero"
Não nos deixei cair em tentação, mas nos livrai da segunda divisão
Em nome da raça do Biro-Biro, da coragem do Casagrande e da luta de nosso
diamante negro, o Rosinei, todos nossos santos guerreiros, confiantes na
suprema batalha para sairmos da lanterna e iluminarmos grandezas, ganhar
campeonatos. Que o Leão da Nação Fiel reine sobre o esquadrão, expulse
vendilhões maricóns e levante bandeiras e taças.
Deus é Grande e o Time do Corinthians é a nossa alma - Amém -
                                                                                        Silas Correa Leite




 COPA 2006- BRASIL x GANA
  Hoje é o dia!
  Quase ninguém percebeu
  ao meu ver, nosso jogo mais difícil.
  Não tem Argentina, Portugal ou Alemanha certas.
  pela frente, apenas... GANA.
  Sabe por que Gana cresceu tanto na Copa?
  porque eles jogam com a alma.
  Também estou preocupada.
  para o Brasil é apenas o caminho
  mais um título,
  para Gana é a honra da África em jogo...
  E honra é combustível a perder de vista.
  Recentemente,
  quando eles ganharam dos EUA
  a declaração de um atacante:
  'Fizemos isso pela África'... diz tudo.
  mas, quem ouviu?
  O Brasil que se cuide.
  Gana é como um irmão mais novo
  descobrindo
  numa velocidade impressionante
  do que é capaz
  e o que a força de vontade pode fazer,
  não é por acaso que se chama 'GANA'.
  O que ameniza minha aflição,
  e que é motivo de repulsa para alguns cretinos,
  em nossas veias também corre sangue africano...
  Mama África. Graças a Deus.
  Se nosso time, mais que técnica,
  mais que a mídia, mais que tudo
  como eles
  jogar com a alma,
  correr pelo campo, não como homens famosos,
  como heróis desconhecidos, irmãos africanos
  tendo nós a vantagem da experiência
  que os cinco títulos sejam o combustível
  da nossa honra, não um peso a mais.

                                                   Teresa Cristina Nunes



SONHOS DE MENINO
Todo menino sonha
Em ser jogador:
- chutando a lua-bola no gol.
Goool!

Todo menino sonha
em ser cantor:
- microfone na mão.
Sucessos de montão!

Todo menino sonha
em ser ator:
- Beijar a gata morena.
Abraçar a loura serena.

Todo menino sonha
Todo sonho-menino.

       Thelma Regina Siqueira Linhares



GRÊMIO, MEU TIME DO CORAÇÃO

No gramado rola a bola.
No coração emoção.
Na garganta o grito esperado.
Do gol que vai chegar.

Te seguimos sempre
Da segundona até o mundial.
Sempre estaremos presentes.
Para o que der e vier.

Grêmio, time do coração.
Nunca perco a Fé.
Pois contigo aprendi a ter garra.

Raça e sentimento.
De um coração de poeta.
Que traz na palavra seu grito de emoção.

Grêmio este time da gente.
Sofre coração, nas tuas partidas.
Mas, com alegria esperamos tua VITÓRIA.
Nos caminhos do Futebol.

                                                   Vera Salbego




A ilusão do futebol

A nossa pátria agora está de chuteira
Mas na segunda feira cedo se acorda
E chegar ao serviço dá uma canseira
É na parte mais fraca que rói a corda

Mesmo depois de festas e bebedeira
A realidade, o povo tem que encarar
Mesmo com a ressaca da segunda-feira
O povo pobre, o batente vai enfrentar

Mas se a nossa seleção for a campeã
Ninguém se preocupará com o amanhã
E os outros problemas serão irrisórios

Se o Brasil não tiver a sorte de ganhar
O Dunga, todos irão responsabilizar
Afinal, tem que ter um bode expiatório.




Ronaldinho
O que será que aconteceu com Ronaldinho
Será que amarelou, por ser de Pindorama?
Será que é porque ele já fez a sua cama
O seu futebol foi assim tão pequenininho?

Será que Ronaldinho Gaúcho já morreu
Por que será que jogou essa bola murcha?
Ou será que por ter sua nascença gaúcha
A bolinha que jogou ninguém entendeu?

Doravante, todos estarão a se perguntar
Quem nasce em Pindorama* vai amarelar
Toda vez que for jogar uma Olimpíada?

Perder deve fazer parte de todo esporte
Mas perder da Argentina é quase morte
Considerada uma das piores coisas da vida.

* Pindorama = Brasil.




A HISTÓRIA DA BOLA
Lá vem a bola
Desacreditada de si mesma
Às vezes vem rolando, chorando...
Lá vem ela
Otimista procurando o gol
Insatisfeita e realista
Vem sendo chutada desprezada
Um pouco apressada
À procura do gol.
Lá vem a bola
Indignada por si mesma
Nos campos de pelada
Maltratada e pisada
Lá vem ela
Oportunista e mal intencionada
Protagonista da garotada
Um pouco cansada
A caminho do gol.
Lá vem a bola
Idolatrada, mas não por si
Observada pela torcida impaciente
Adorada e odiada ao mesmo tempo
Lá vem ela
Disputada e disparada
A caminho do gol
Mas a trave desesperada a impede
A incrédula bola
Despede-se do gol
Lá vem a bola
Estática por si mesma
Ansiosa na marca da cal
Com frio na barriga
No momento do gol
Lá vem ela
Espalhafatosa e veloz
Rompendo a linha divisória
É gol... I ki golaço .
Como diria Silvério
Alegria de uns
Tristeza de outros
Lá vem a bola outra vez
A caminho do centro
Carregada com tristeza
Por quem a pegou.



C


 Copa do Mundo de 1962

Acompanhei a copa do ano sessenta e dois
Em um rádio de válvulas de marca Pioneer
Que usava uma pilha com quase dez quilos.
Ouvindo as transmissões eu ficava a torcer.

O Brasil estreou contra a o time mexicano,
Onde Pelé e Zagallo marcaram os dois gols.
No segundo jogo o placar ficou em branco
E foi nesta partida que Pelé se machucou.

O terceiro embate foi contra o time espanhol,
Mas com dois gols, Amarildo o placar virou.
Jogo em que a arbitragem, o Brasil ajudou.

Em seguida vencemos a Inglaterra e o Chile.
Nestas duas partidas, Garrincha esnobou
E contra os tchecos, a taça o Brasil levantou.

O ANJO DE PERNAS TORTAS

A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!
.
Vinícius de Moraes 

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