Comédia sobre golpista revela talento de jovem ator inglês .
O Keystone Pictures acertou mais uma vez ao entregar a nova comédia
"Making a Living", em que seus famosos Keystone Cops perseguem um
golpista que se passa por um aristocrata inglês. Mas os policiais atrapalhados,
que estrelam filmes do estúdio desde que ele foi fundado, há cerca de dois
anos, são apenas um dos grandes trunfos do filme. Na maior parte de seus
catorze minutos de duração, "Making a Living" é uma sequência
ininterrupta de ação e humor, que revela a preocupação dos criadores com o
entretenimento leve e ligeiro.
Muito do mérito do filme se deve ao desempenho do ator que assumiu o
papel do vigarista, um jovem inglês chamado Charles Chaplin. Aqui ele faz sua
primeira aparição no cinema, mas o talento do homem promete fazer dele um
astro. O performer já tem bastante experiência nos palcos britânicos e chegou a
cruzar os Estados Unidos duas vezes em turnês do grupo de vaudeville de Fred
Karno. O ator fazia números de comédia e parece ter trazido muitos de seus
engraçadíssimos trejeitos para a tela do cinema.
Infelizmente, embora seja uma comédia ágil e divertida, "Making a
Living" não dá o merecido espaço para que o ator trabalhe todas as
sutilezas que trouxe do palco, preferindo, em detrimento da performance do
comediante, deixar o filme mais rápido, característica e marca do Keystone
Pictures. Há relatos de que houve um certo embate entre Chaplin e o diretor
Henry Lehrman, que também interpreta o fotógrafo no filme. Enquanto um queria
um filme mais guiado pelo personagem, o outro preferia uma locomotiva que não
desse fôlego para o espectador.
Se pensarmos que o cinema é uma arte
relativamente recente, talvez, daqui a alguns anos, os "fazedores de
filmes" possam encontrar um meio-termo entre ritmo e refinamento. Apesar da bela
interpretação do recém-chegado Chaplin, o chefe do estúdio, Mack Sennett,
segundo se comenta nos bastidores, parece não ter se convencido do talento do
jovem. Senneth contratou Chaplin depois de ver suas apresentações teatrais, mas
teria achado que o inglês não se adaptou ao estilo da Keystone. A estrela Mabel
Normand, de olho no frescor da performance do jovem, teria intervindo e
garantido emprego para ele em mais alguns filmes. Sorte nossa que vamos poder
nos divertir com um homem que leva a comédia a sério.
* Este texto é uma obra de ficção que
se aproveita da liberdade do cinema para fazer uma homenagem a um de seus
mestres, Charlie Chaplin, que fez sua estreia no cinema há exatos 100 anos, em
2 de fevereiro de 1914, quando o curta "Making a Living", conhecido
como "Carlitos Repórter", no Brasil, chegou às salas dos EUA.
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